Você É um Salva-Vidas Espiritual?

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Você É um Salva-Vidas Espiritual?
Tony Cooke

Are You a Spiritual LifeguardDurante minha adolescência, eu passei três verões como salva-vidas em uma piscina pública. Refletindo sobre tal experiência, percebi que há diversas similaridades entre o exercício de salvar vidas e o serviço ministerial. Acredito que tais semelhanças possam fornecer percepções importantes. A seguir, seguem algumas lições a serem consideradas:

Há uma vasta diferença entre nadar por prazer e salvar vidas

Aprendi a nadar quando criança. No começo, foi um pouco assustador, mas, eventualmente, se tornou divertido. À medida que minhas habilidades na natação avançavam, meu prazer na água também foi aumentando. Como aprendiz, as lições giravam em torno de me sentir seguro, me divertir e criar confiança. Durante esse período, eu não pensava em salvar outra pessoa; tudo dizia respeito ao prazer de nadar. De igual modo, um novo cristão está tipicamente aprendendo a se “sentir seguro” em torno de Deus, apreciando Sua presença e estabelecendo algumas habilidades em sua caminhada cristã. Isso não quer dizer que esse novo cristão não possa influenciar outros; de fato, um novo convertido possui maior contato e conexão com pessoas que também precisam conhecer a Cristo. Enquanto esse novo cristão pode não possuir habilidades ministeriais avançadas, ele, certamente, pode convidar outros a pular e apreciar a água, por assim dizer.

Após estabelecer as habilidades básicas na água, uma pessoa pode, então, considerar se tornar um salva-vidas. Da mesma forma, as pessoas não devem pensar sobre ocupar posições ministeriais de liderança, assumindo responsabilidades por outras pessoas, se não forem relativamente competentes em suas próprias caminhadas com Deus. Por exemplo, John Wesley iniciou seu trabalho missionário sem ter completa certeza da sua posição diante de Deus. Após uma experiência frustrante no campo missionário, ele escreveu: “Fui à América para converter os índios, mas oh! Quem me converterá?” Mais tarde, ele teve uma experiência com Deus que estabeleceu a segurança necessária em sua vida.

Uma pessoa que quer se tornar um salva-vidas deve possuir habilidades básicas na água. Uma vez que tais habilidades estão bem desenvolvidas, ele ou ela pode pensar em aprender as técnicas necessárias para salvar outros. Na caminhada cristã, há questões básicas com relação ao caráter, como integridade, controle próprio, santidade, que estão separadas das habilidades ministeriais. Quando uma pessoa percebe possuir um chamado ministerial para a liderança, ele ou ela não deve ultrapassar tais questões fundamentais de caráter; ao contrário, deve se debruçar sobre elas. Temos visto pessoas que aprenderam a ministrar ou a ensinar, mas parecem ter esquecido a importância das questões relacionadas ao caráter. É como se uma pessoa tivesse aprendido a se sentar na cadeira do salva-vidas e, ocasionalmente, soprar seu apito, mas está gravemente deteriorada em suas habilidades aquáticas. Em outras palavras, não devemos nos focar em sermos ministros às custas de sermos verdadeiros cristãos.

Como um nadador amador, a ênfase está em você, em seu divertimento. Você pode nadar quando quiser e ir embora quando quiser. Na praia ou na piscina, você pode colocar seu fone de ouvido e ouvir o que quiser, tendo a liberdade de se desligar de qualquer barulho que o incomode. Você faz o que quiser – seja se deitar ao sol, comer ou nadar. É tudo sobre você e o que você deseja fazer. O salva-vidas, ao contrário, possui um foco completamente diferente. Para ele, estar perto da água diz respeito à segurança e ao bem-estar de outros, não podendo fazer o que quiser quando quiser. Como salva-vidas, você está de plantão e é responsável por outras pessoas. Você possui tarefas e trabalha com uma equipe, garantindo que todos tenham um divertimento seguro. Essa diferença entre o prazer pessoal e a responsabilidade pública é a mesma para os cristãos no ministério. Ministros são chamados como servos, colocando o bem-estar e o benefício de outros como prioridades e tendo que encarar o dever de forma séria.

O estabelecimento de uma mentalidade correta é imperativo

Tanto para o salva-vidas quanto para o ministro, o treinamento e o aprendizado de habilidades necessárias são importantes, mas é igualmente importante possuir a mentalidade correta. Quando eu fiz o treinamento da Cruz Vermelha, nossa instrutora de segurança na água enfatizou que algumas situações que enfrentaríamos poderiam ser de vida ou morte. Ela deixou claro que ser um salva-vidas é algo que deveria ser levado a sério. Vidas dependem do seu foco e da sua atenção, dependendo também do fato do salva-vidas saber ou não executar eficazmente as técnicas. Nossa instrutora nos avisou que ela não iria facilitar nossa aprovação no curso, pois não gostaria de ser responsável por autorizar que salva-vidas incompetentes e mal treinados exercessem uma tarefa tão vital. De fato, 23 de 28 alunos não conseguiram completar o curso com êxito ou receber a certificação necessária para se tornar um salva-vidas.

Enquanto o salva-vidas pode, potencialmente, lidar com situações de vida ou morte, o ministério é certamente uma questão de vida ou morte. Ao assumirmos uma posição de liderança espiritual, primeiramente, devemos ter completa ciente do porquê Jesus veio à Terra. Conforme Ele ressalta: “o Filho do homem veio buscar e salvar quem está perdido” (Lucas 19:10 – NTLH). O significado do ministério de Jesus se reflete em duas outras afirmações: “para que todo aquele que nEle crê não pereça” e “quem não crê já está julgado” (João 3:16, 18 – Almeida Atualizada). Quando abraçamos a responsabilidade de sermos Seus representantes, começamos a valorizar o que Ele valoriza. Em Lucas 15, Jesus conta histórias de coisas que estavam perdidas – uma moeda perdida, uma ovelha perdida e um filho perdido. Jesus valoriza o resgate do que estava perdido, e nós também valorizaremos se O representarmos de forma apropriada.

Olhe para a atitude de Jesus como um salva-vidas espiritual: “Tomei conta deles; e nenhum se perdeu, a não ser aquele que já ia se perder para que se cumprisse o que as Escrituras Sagradas dizem” (João 17:12 – NTLH). O teólogo R.C Sproul escreveu: “Deus não apenas joga um colete salva-vidas para uma pessoa que está se afogando. Ele vai até o fundo do mar e resgata um corpo, o leva para a margem, sopra vida dentro dele e o ressuscita. Isso é o que a Bíblia relata a respeito da sua salvação”. Quando entendemos o coração de Deus, nós, verdadeiramente, apreciamos Seu comprometimento com o resgate, a preservação e a proteção de vidas – e nós nos juntaremos a Ele como Seus embaixadores em tal tarefa. Após o estabelecimento de uma mentalidade correta, é importante aprendermos as habilidades necessárias.

O aprendizado e a competência nunca podem ser superestimados

Com certeza, uma pessoa pode ter um coração direcionado a ajudar outros, mas as habilidades para isso também são necessárias. No treinamento para salva-vidas, há a teoria baseada nos livros e o treinamento prático. Uma das coisas que aprendemos é sobre como nos proteger enquanto tentamos salvar alguém. Aprendemos que pessoas que estão lutando contra a água podem entrar em pânico. Durante o treinamento, tivemos que memorizar a definição de pânico (e eu ainda me lembro de tal definição mais de 40 anos depois): Pânico é o repentino, irracional e esmagador medo que toma conta de alguém diante de um perigo real ou imaginado. Aprendemos que os trágicos duplo-afogamentos ocorrem quando os nadadores em pânico puxam seus socorristas para debaixo da água. Apesar da intenção de salvar, ambos acabam se afogando. Um salva-vidas deve estar preparado para resgatar pessoas que não estão em suas melhores condições — pessoas que estão em pânico e na iminência de afogamento – e líderes espirituais devem estar preparados para pessoas que estão lutando e que necessitam de ajuda.

No caso de um salva-vidas, há diversos métodos com relação a como salvar e como não salvar. Salva-vidas normalmente possuem acesso rápido a ferramentas, como gancho, tubo, boia ou prancha de resgate. Em algumas situações, um jet ski também pode ser uma efetiva ferramenta de resgate. Muitos anos atrás, antes que tais ferramentas estivessem disponíveis, pessoas amarravam uma corda a algum objeto fixado na terra e a lançavam ao mar. A ideia era que nadadores em dificuldade poderiam agarrar a corda e se puxar para a margem. Enquanto tal método poderia possuir algumas vantagens, rapidamente se tornou perceptível que tais nadadores ou não conseguiam alcançar a corda ou estavam exaustos demais para se puxarem até a margem. Ao mesmo tempo em que métodos e ferramentas são avaliados pela eficácia, novas técnicas também são desenvolvidas. Podemos fazer uma analogia com o que acontece no âmbito ministerial. Enquanto nosso objetivo permanece o mesmo – assim como Jesus, procuramos salvar os perdidos – nossas ferramentas e técnicas mudam com o tempo. Líderes sábios nunca comprometem seus princípios; porém, sempre se mostram dispostos a aprender novos métodos e a utilizar ferramentas mais eficazes.

Saber nadar, ter foco, detectar um nadador em dificuldade e saber utilizar as ferramentas de resgate não são suficientes. Salva-vidas também devem saber técnicas específicas sobre como se aproximar e abordar alguém que precisa de resgate. Parte desse treinamento envolve aprender a escapar de diversos tipos de situações difíceis, no caso do nadador entrar em pânico e ameaçar colocar a vida de seu socorrista em risco. Salva-vidas aprendem a tomar diversos tipos de cuidados, para que possam salvar outras vidas com segurança. Líderes espirituais também devem aprender a se proteger. Paulo admoesta Timóteo: “Cuide de você mesmo e tenha cuidado com o que ensina. Continue fazendo isso, pois, assim, você salvará tanto você mesmo como os que o escutam” (1 Timóteo 4:16 – NTLH). Além de aprender sobre cuidado pessoal, líderes devem procurar aprimorar suas habilidades comunicativas, auditivas, sociais, entre outras. Líderes espirituais competentes estão sempre aprendendo e continuamente aprimorando suas habilidades como ministros do Evangelho. Isso não significa que ministério diz respeito somente a habilidades naturais; líderes também devem desenvolver suas competências espirituais, aumentando a confiança e cooperação com o Espírito Santo.

Abaixo, seguem algumas lições que eu aprendi como salva-vidas e que podem ser aplicadas na vida ministerial:

  • É melhor ensinar pessoas a nadar e, consequentemente, precisar resgatar menos pessoas, do que esperar que você esteja por perto para resgatá-las quando elas se colocarem em situações de perigo. A piscina em que eu trabalhava quando adolescente oferecia aulas de natação como parte de um vigoroso programa de segurança na água. Por causa de tais instruções, não havia muita necessidade de salvamentos dramáticos posteriormente.
  • O foco é uma das maiores habilidades que um salva-vidas pode possuir. Salva-vidas devem fazer um pouco de tudo quando não estão em suas posições; no entanto, quando estão em suas cadeiras, eles devem VIGIAR a piscina, com foco nas pessoas e sem distrações. Como socorrista, você não vigia somente a superfície da água. Você precisa observar o que acontece debaixo dela também. A maior parte dos dias de um salva-vidas não é emocionante; muito do trabalho é rotineiro. No entanto, um salva-vidas não pode se deixar atrair pela sensação de complacência. Em Atos 20:28, Paulo fala sobre o dever do supervisor espiritual. O termo que ele utiliza para descrever o trabalho desses líderes significa olhar o rebanho com cuidado e vigilância. Isso soa um pouco como um salva-vidas espiritual.
  • O trabalho em equipe também é essencial no trabalho exercido pelo salva-vidas. A rotatividade acontece para que uma pessoa não esteja sempre de vigia. Salva-vidas necessitam de intervalos periódicos, por causa do foco mental requerido. Além disso, um salva-vidas nunca deve tentar um resgate sem antes notificar um companheiro. Em algumas situações, auxílio é necessário. Comunicação também é muito importante. Ao trocar de turnos, a pessoa que está deixando o posto deve compartilhar com o próximo a assumir qualquer informação pertinente que exija atenção especial (por exemplo, “observe aquela criança com bermuda azul; ele não parece saber nadar muito bem”). Membros da equipe devem também ser consistentes na aplicação das regras. Se um salva-vidas é extremamente exigente e outro é extremamente leniente, a inconsistência causará problemas.
  • Nem todas as partes da piscina possuem a mesma profundidade. Na piscina em que trabalhei, havia uma parte para bebês, outra mais rasa e uma mais funda. Cada parte da piscina serve para uma finalidade diferente, oferecendo diferentes benefícios, para diferentes necessidades. Da mesma forma, nem todos os ambientes aquáticos são os mesmos. Uma praia oferece diferentes dinâmicas que uma piscina. Certos cenários podem oferecer diversos níveis de dificuldade e perigo. Salva-vidas e líderes espirituais devem sempre estar atentos a cada situação e o que cada uma requer.

Uma vez que tal artigo abordou sobre as similaridades entre um salva-vidas e um líder espiritual, fecharei com uma admoestação de Paulo: “Estejam alertas, fiquem firmes na fé, sejam corajosos, sejam fortes” (1 Coríntios 16:13 – NTLH).[/vc_column_text][vc_separator color=”blue” style=”dashed” el_width=”80″][vc_column_text]Translated by Gabriella Kashiwakura[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]