Reflexões sobre o Filme: Paulo, Apóstolo de Cristo

[vc_row][vc_column][vc_column_text]

Reflexões sobre o Filme: Paulo, Apóstolo de Cristo
Tony Cooke

Reflexões sobre o Filme: Paulo, Apóstolo de Cristo by Tony CookeRecentemente, eu e Lisa celebramos o meu aniversário de 59 anos em Warner Robins, Geórgia. Estávamos na companhia de bons amigos, Pastor Dave e Kendall Watrous. Posso dizer que foi um dia muito bom. Na parte da manhã, eu lecionei em um seminário sobre Timóteo (nunca me canso de tais seminários); tive uma celebração com cupcakes após o almoço, e, em seguida, fomos assistir ao novo filme Paulo, Apóstolo de Cristo. Certamente, em todo filme bíblico, os diretores tomam certa liberdade artística e criativa – o que é esperado. Sempre há certos aspectos que eu apresentaria de forma um pouco diferente ou afirmações que eu parafrasearia de outra forma. Entretanto, esse não é o foco dessa reflexão.

O grande valor deste filme reside no fato de que ele apresenta graficamente a intensa perseguição enfrentada pelos primeiros cristãos durante o Império Romano. Para ser honesto, não é o filme mais confortável de se assistir. Um crítico se referiu ao filme como “sombrio”, e acho que esse é um adjetivo condizente. Quando pensamos na comunhão com Cristo, é fácil para os cristãos do século XXI pensarem em um santuário bonito com uma decoração da moda, boa iluminação, boa música e uma mensagem otimista designada para levantar nossa autoestima, nos elevando em direção a uma vida vitoriosa e bem-sucedida. Não estamos acostumados a pensar no incompreensível sofrimento em uma masmorra romana chamada Prisão Mamertina.

Esse foi o local onde Paulo passou seus últimos dias, antes de ser executado sob o comando do imperador Nero. Esse é o foco do filme; foi nesse poço em que Paulo escreveu o seguinte (2 Timóteo 4:6-8 – ARA) aos seus discípulos:

Quanto a mim, já estou sendo derramado como libação, e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.

Na verdade, a história nos mostra que todos os apóstolos de Jesus, com exceção de João, morreram como mártires no primeiro século. Ao invés de negarem a própria fé e de renunciarem a realidade da ressureição de Cristo, eles deram suas próprias vidas. Como podemos processar tal fato quando nós (pelo menos na América) vivemos nossas vidas em uma terra de liberdade religiosa? Temos ouvido, repetidamente, que Deus quer nos abençoar e prosperar, com base em inúmeros versículos que apoiam tal pensamento. Porém, esse não é o quadro completo.

O mesmo Jesus que veio para nos dar vida em abundância (João 10:10) também afirmou aos seus discípulos que eles enfrentariam perseguições em suas vidas. Considere algumas “outras promessas” que Jesus fez para o Seu grupo original de discípulos:

  • “Acautelai-vos dos homens, porque eles vos entregarão aos sinédrios, e vos acoitarão nas suas sinagogas” (Mateus 10:17);
  • “Então sereis entregues à tortura, e vos matarão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome (Mateus 24:9);
  • “Mas antes de todas essas coisas, vos hão de prender e perseguir, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, e conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome” (Lucas 21:12);
  • “Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, guardarão também a vossa” (João 15:20).

Esse era o contexto em que o Cristianismo nasceu e sob o qual ele floresceu. Há “profecias” fascinantes, sobre o sofrimento e a perseguição relacionados ao chamado dos dois maiores líderes da Igreja primitiva – Paulo e Pedro. Vejamos a seguinte afirmação que Jesus falou para Pedro após Sua ressureição (João 21:18-19 – ARA):

Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, tu te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, e outro te cingirá e te levará para onde tu não queres. Disse isto para significar com que gênero de morte Pedro havia de glorificar a Deus. Depois de assim falar, acrescentou-lhes: Segue-me.

A história nos diz que Pedro, eventualmente, foi crucificado em Roma, cumprindo as palavras de Jesus.

A jornada de Paulo também não foi fácil. Quando Jesus comissionou Ananias a ministrar para Paulo (Saulo de Tarsus), após a experiência na Estrada de Damascos, Ele afirmou para Ananias que Paulo era “um vaso escolhido, para levar o meu nome perante os gentios, e os reis, e os filhos de Israel; pois eu lhe mostrarei quanto lhe cumpre padecer pelo meu nome” (Atos 9:15-16).

A determinação radical de Paulo em obedecer a Deus, não importando o custo, pode ser vista em sua afirmação para os anciãos de Éfeso: “Agora, eis que eu, constrangido no meu espírito, vou a Jerusalém, não sabendo o que ali acontecerá, senão o que o Espírito Santo me testifica, de cidade em cidade, dizendo que me esperam prisões e tribulações. Mas em nada tenho a minha vida como preciosa para mim, contando que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus” (Atos 20:22-24). Para Paulo, fé e obediência não seriam sinônimos de conforto e prosperidade terrena, mas resultariam no avanço do Evangelho.

Em adição às afirmações de Jesus sobre o sofrimento que Paulo e Pedro enfrentariam em seus futuros ministérios, há outras afirmações feitas por Jesus, décadas depois, para as sete igrejas, a respeito da perseguição enfrentada por elas. Ele fala para a Igreja em Esmirna: “Não temas o que hás de padecer. Eis que o Diabo está para lançar alguns de vós na prisão, para que sejais provados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Apocalipse 2:10).

Da mesma forma, Jesus elogiou a fidelidade dos crentes em Pérgamo com as seguintes palavras: “Sei onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; mas reténs o meu nome e não negaste a minha fé, mesmo nos dias de Antipas, minha fiel testemunha; o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita” (Apocalipse 2:13). Em nenhum lugar, Jesus afirma aos crentes que, “se eles tivessem um pouco mais de fé, poderiam evitar tais perseguições e viver uma vida vitoriosa”. Para Paulo, Pedro e outros crentes primitivos, a fé envolvia perseverança em meio a perseguições. É necessário lembrar, no entanto, que houve ocasiões em que os crentes foram libertos do sofrimento e da perseguição (um exemplo foi quando Pedro e Paulo foram ambos milagrosamente libertos de prisões, em Atos 12 e 16, respectivamente).

Com base no treinamento que receberam e na experiência que tiveram, esses dois apóstolos sabiam como admoestar outros com relação à perseguição que sofreriam. A primeira apóstola de Pedro, em boa medida, fala sobre os cristãos lidarem com perseguições, incluindo a seguinte afirmação: “Portanto, os que sofrem segundo a vontade de Deus confiem as suas almas ao fiel Criador, praticando o bem” (1 Pedro 4:19). De igual modo, Paulo afirmou a Timóteo que “todos os que querem viver plenamente em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2 Timóteo 3:12).

Hebreus 11:33-34 (ARA) honra a fé daqueles que “fecharam a boca de leões, extinguiram a violência do fogo, escaparam ao fio da espada”. Porém, também menciona aqueles que sofreram pela fé. O autor de Hebreus procede, dizendo (11:35-38 – ARA):

Alguns foram torturados, não aceitando seu resgate, para obterem superior ressurreição; outros, por sua vez, passaram pela prova de escárnios e açoites, sim, até de algemas e prisões. Foram apedrejados, provados, serrados pelo meio, mortos a fio da espada; andaram peregrinos, vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, aflitos, maltratados (homens dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos antros da terra”.

A Palavra de Deus honra e estima aqueles que sofreram pela fé. Apocalipse 12:10 afirma: “E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até a morte”. Eu agradeço por ter crescido em um país em que a liberdade religiosa é um princípio fundamental; no entanto, mesmo hoje, centenas de cristãos ao redor do mundo enfrentam desafios e perseguições que nós, do Ocidente, nunca experimentamos.

Meu propósito em escrever essa mensagem não é de ser mórbido ou depressivo. Meu coração se enche de gratidão pelos sacrifícios de inúmeros cristãos ao longo dos séculos. A fé e coragem deles deve nos inspirar imensamente. Devemos também orar por nossos irmãos e irmãs em Cristo que vivem em áreas oprimidas e problemáticas ao redor do mundo. Hebreus 13:3 (ARA) nos admoesta a: “Lembrai-vos dos encarcerados, como se presos com eles; dos que sofrem maus-tratos, como se, com efeito, vós mesmos em pessoa fôsseis os maltratados”.

Paul Harvey (um famoso radialista americano), em seu programa, ocasionalmente, descrevia alguma situação em alguma outra parte do mundo totalmente alheia à mentalidade ocidental. Ocasionalmente, tais histórias envolviam comportamentos e práticas completamente estrangeiros para alguém que cresceu na América. Ele concluía suas histórias com a simples afirmação: “Não é um único mundo”. Apesar de vivermos no mesmo planeta, diferentes pessoas em diferentes locais e eras possuem e possuíram diferentes tipos de experiências de vida. O Evangelho é verdade para todos, mas, com base nas culturas, experiências e contextos das pessoas, diferentes indivíduos podem ter perspectivas e prioridades radicalmente diferentes. Assistir a um filme como Paulo, Apóstolo de Cristo ou mesmo ler alguns dos versículos mencionados nessa mensagem nos ajuda a perceber ou a valorizar alguns diferentes mundos em que diferentes pessoas vivem.[/vc_column_text][vc_separator color=”blue” style=”dashed” el_width=”80″][vc_column_text]Translated by Gabriella Kashiwakura[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]