Onde Descontos não se Aplicam de Tony Cooke

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Onde Descontos não se Aplicam
Tony Cooke

Where Discounts Don’t Apply by Tony CookeAcabamos de passar pelo natal – uma época do ano em que todos estão à procura de descontos. Talvez você tenha acordado super cedo na véspera de natal e tenha batalhado com a multidão ou talvez tenha vasculhado a internet, tentando pegar um ou mais presentes com um grande desconto. Todo mundo adora fazer um bom negócio quando se trata de comprar presentes, não é verdade?

Recentemente, no entanto, tenho me recordado de que, em certos casos, descontos podem não ser a coisa certa. Permita-me explicar. Em nossa recente turnê por Israel, pudemos visitar um local que é raramente visitado por turistas. Na verdade, nosso guia israelense nunca havia levado um grupo a esse local em mais de dezoito anos de visitas guiadas e ele só esteve lá uma vez pessoalmente. O local a que estou me referindo é a cidade de Hebron, na Cisjordânia. Quando chegamos lá, não havia um único ônibus de turismo nem vimos um turista sequer na área.        

Nosso destino era um magnífico edifício de 2000 anos erguido por Herodes, o Grande, sobre a caverna de Macpela, onde Abraão, Isaque e Jacó foram enterrados. Quando Sarah morreu, a Bíblia nos conta que Abraão lamentou e chorou por ela e que ele pediu para comprar um lugar para o seu enterro. O povo de Hebron disse a Abraão que ele era um “príncipe honrado” e que lhe seria dado livremente qualquer propriedade que ele desejasse. 

Abraão mostrou a mais profunda humildade e reverência, curvando-se diante do povo e, mais de uma vez, insistiu em pagar o preço total pela caverna e pela terra. Considere suas declarações:

Gênesis 23:9, NTLH
“Eu pagarei o preço total e assim serei dono de uma sepultura neste lugar”

Quando eles insistiram em dar o terreno a ele de graça, Abraão respondeu:

Gênesis 23:13, NTLH
“Escute, por favor! Eu quero comprar o terreno. Diga qual é o preço, que eu pago. E depois sepultarei a minha mulher ali.”   

Com o tempo, Abraão também seria enterrado ao lado de Sarah na caverna de Macpela, junto com seus filhos Isaac e Jacó e suas esposas, Rebeca e Lia. Alguns podem culpá-lo por não ter barganhado mais, a fim de obter o melhor negócio possível, mas, para Abraão, havia algo sagrado envolvido, e ele não queria tornar isso barato.

Davi e a Eira 

Vemos a mesma coisa acontecendo quando o rei Davi comprou a propriedade que eventualmente se tornaria a localização do templo judeu. Uma devastadora praga estava assolando Jerusalém, e Davi foi instruído a construir um altar e oferecer sacrifício em um local específico. Vemos, então, o desenrolar fascinante do acontecimento. 

Então Davi disse: “Quero que você me venda o seu terreiro de malhar cereais a fim de que eu construa nele um altar para Deus, o Senhor, e assim a peste acabe. Eu pagarei o preço justo por ele”. 

Araúna disse: “Fique com o terreiro e faça com ele o que quiser. Aqui estão estes bois para serem queimados em sacrifício no altar, as tábuas de debulhar cereais para serem usadas como lenha e também trigo para dar como oferta. Eu lhe dou tudo isso”.

Mas Davi respondeu: “Isso não! Eu pagarei o preço justo. Não vou dar como oferta ao Senhor coisas que são de você, coisas que não me custaram nada. E pagou a Araúna quase sete quilos de ouro pelo terreiro”. (1 Crônicas 21:22-25, NTLH). 

Tal como aconteceu com Abraão, Davi recusou a oportunidade de ter de graça a propriedade que lhe foi dada – ele insistiu em pagar o preço total.

Mais tarde, lemos: “Salomão começou a construir o Templo do Senhor Deus em Jerusalém, no Monte Moriá, onde Deus havia aparecido ao rei Davi, o pai de Salomão. O lugar que Davi tinha escolhido era o terreiro de malhar trigo de Araúna, o jebuseu” (2 Crônicas 3:1, NTLH).

Isso nos fornece outra pista sobre o valor que Davi pode ter visto nesse terreno em particular – era no Monte Moriá – o mesmo lugar em que Abraão ofereceu seu filho Isaque a Deus (Gênesis 22). Sabemos que o anjo impediu Abraão de ferir seu filho, mas esse ato de fé profeticamente prenunciou o tempo em que Deus ofereceria Seu próprio Filho, o Senhor Jesus Cristo, para a salvação do mundo.   

Enquanto viajávamos por Israel, me vi pensando nessas histórias. Lembrei-me de que Abraão e Davi não foram os únicos que insistiram em pagar o preço total. Deus pagou o preço total por nós quando Jesus morreu na cruz – verdadeiramente, a dívida de nossos pecados foi paga integralmente. Deus não recebeu desconto por nossas almas; Jesus pagou o preço final e absoluto por nós. Isso é algo que ouvimos frequentemente, e deveríamos mesmo ouvir. Porém, me pergunto: “O preço final que Jesus pagou por nós é algo que simplesmente deveríamos receber ou evoca uma certa resposta de nós?”

Ao refletir sobre isso, pensei em duas linhas de um antigo hino:

“Jesus pagou por tudo.
Tudo a Ele eu devo”.

Essas duas linhas são contraditórias ou complementares? Suponho que, se alguém interpreta como “tenho que pagar a Jesus tudo o que Ele fez por mim”, há um problema intrínseco. Nunca poderíamos “pagar de volta a Jesus” pelo que Ele fez por nós. Nossos esforços nunca poderiam alcançar o valor inestimável, infinito e eterno do que Ele fez por nós. Em certo sentido, devemos simplesmente receber, com coração humilde e ações de graças, o sacrifício que Ele fez em nosso favor.

No entanto, por outro lado, o que Jesus fez por nós certamente evoca uma resposta nossa que envolve consagração, fidelidade e obediência. Jesus nos chamou para fazer mais do que apenas receber; Ele nos chamou para segui-Lo fielmente. O Novo Testamento ensina mais do que apenas receber salvação; ele nos ensina também discipulado. Jesus articula isso de maneira muito poderosa em Lucas 14:26-27 (NTLH):

“Quem quiser me acompanhar não pode ser meu seguidor se não me amar mais do que ama o seu pai, a sua mãe, a sua esposa, os seus filhos, os seus irmãos, as suas irmãs e até a si mesmo. Não pode ser meu seguidor quem não estiver pronto para morrer como eu vou morrer e me acompanhar”.

Depois de dar algumas ilustrações a respeito da importância de “saber o custo”, Jesus diz, “Assim nenhum de vocês pode ser meu discípulo se não deixar tudo o que tem” (Lucas 14:33, NTLH). Ouvi alguns ministros (que enganosamente pensam que são profundamente iluminados) zombarem de tais versículos como se eles não se aplicassem mais aos dias de hoje. Esse tipo de pensamento é tragicamente ignorante!

Na prática, Jesus quer que todo crente pegue tudo que possui e doe? Não, mas todo crente – todo discípulo – deve estar disposto a fazer isso se o Senhor pedisse. Nada deve ser mais importante para nós do que Ele, e qualquer coisa que colocamos na Sua frente em ordem de prioridade ou que consideramos mais querida é, na verdade, um ídolo.  

Consideremos as sábias declarações a seguir:

“A salvação é de graça, mas o discipulado te custará sua vida”
– Dietrich Bonhoeffer

“Jesus nunca escondeu o fato de que Sua religião incluía uma demanda assim como uma oferta. De fato, a demanda era tão total quanto o fato da oferta ser gratuita. Se ele ofereceu salvação ao homem, Ele também demandou submissão”
– John R. W. Stott

“Temos sofrido com a pregação da graça barata. A graça é gratuita, mas não é barata. As pessoas aceitam qualquer coisa que é gratuita, mas não estão interessadas no discipulado. Elas tomarão Cristo como Salvador, mas não como Senhor”
– Vance Havner

A Bíblia diz muito sobre filiação. Como filhos, recebemos gratuitamente tudo o que Deus providenciou por meio de Cristo. No entanto, não devemos meramente receber a misericórdia do Pai; devemos responder à Sua missão. Ao responder à Sua missão, não perdemos nossa filiação ou seus privilégios, mas abraçamos o serviço e suas responsabilidades. É por isso que Paulo disse, “Eu sou devedor tanto a gregos quanto a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes” (Romanos 1:14, KJA). Mais tarde, Paulos diz à mesma igreja, “Não fiquem devendo nada a ninguém. A única dívida que voes devem ter é a de amar uns aos outros” (Romanos 13:8, NTLH). Nunca devemos procurar dar amor “com desconto”.      

Jesus fala sobre abrir mão de tudo para segui-Lo, e Paulo fala a respeito da dívida e obrigação de amor os outros. Essas são áreas em que podemos aprender algo com Abraão e Davi, que insistiram em pagar o preço total. Não procuremos um cristianismo barato, com desconto ou com barganha, esperando o quanto podemos receber de Deus e quão pouco podemos dar a Ele. Que possamos honrar a sacralidade de nosso chamado, dando a Deus e ao próximo o melhor do nosso tempo, nossos talentos e nossos tesouros.

[/vc_column_text][image_separator][vc_column_text][1] Tradução livre.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]