Encorajadoras lições de John Wesley
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Encorajadoras lições de John Wesley
Tony Cooke
Tenho trabalhado diligentemente no meu atual projeto de livro: Milagres e Sobrenatural ao Longo da História da Igreja [1]. Pesquisar e escrever sobre o assunto tem sido tremendamente agradável e edificante. Recentemente, passei algumas semanas trabalhando em um material relacionado a John Wesley e estou impressionado com a riqueza de seu ministério e com as lições com as quais podemos tirar proveito ainda hoje.
Até sua morte em 1791, aos 88 anos, Wesley havia viajado 250.000 milhas, ministrando a Palavra de Deus (maior parte a cavalo). Ele pregou 42.000 sermões e escreveu 250 livros e panfletos. Ao longo de sua vida e ministério, Wesley experimentou e testemunhou muitas manifestações do poder sobrenatural de Deus. Ele registrou várias curas e libertações, incluindo curas que ele (e seu cavalo) experimentaram. Em seu diário, ele frequentemente fala a respeito de pessoas caindo ou sendo derrubadas no chão enquanto ouviam o Evangelho sendo pregado. Uma vez, ele escreveu:
“Por volta das três da manhã, enquanto continuávamos em oração, o poder de Deus veio poderosamente sobre nós. Muitos gritaram de completa alegria. Outros foram jogados no chão. Assim que nos recuperamos um pouco da admiração e do espanto causados pela presença de Deus, começamos a louvar”.
No entanto, Wesley não se concentrou nas pessoas que estavam caindo, nem “fez uma propaganda exagerada” sobre isso ou tentou forçar o acontecimento de certas “manifestações visíveis”. Em vez disso, Wesley sempre se concentrou em pregar o Evangelho com o objetivo de ver vidas sendo transformadas. Se alguma manifestação externa acontecesse, Wesley estava bem com isso, mas esse nunca foi seu objetivo.
Esteja aberto para o mover de Deus, mas evite extremos
O que chamamos de extremos ou excessos hoje, Wesley chamava de extravagância. Wesley sempre recebeu de braços abertos o trabalho do Espírito Santo, mas também estava profundamente ciente da atividade carnal que poderia distrair pessoas do Evangelho. Wesley reconhecia com prazer a operação do poder de Deus nas vidas das pessoas, mas também foi um dos principais defensores da verdade que Paulo comunica em 1 Coríntios 14: 40 – “Mas faça-se tudo decentemente e com ordem”.
Wesley falou sobre crentes que experimentaram grandes bênçãos de Deus em alguma ocasião, mas que depois, “…mesmo estando cheios de amor, Satanás se esforça para levar muitos deles à extravagância”. Ele deu exemplos de reuniões em que o caos e a confusão reinaram. Wesley se referiu às pessoas que gritavam e até a um grupo de pessoas que repetidamente caíam e se levantavam nas reuniões (parece que elas estavam caindo pelo simples fato de caírem). Wesley afirma que tais extravagâncias “desprezam a verdadeira obra [de Deus]”. Ele passa a advertir: “No entanto, sempre que as reprovamos, deve ser da maneira mais branda e gentil possível”.
Wesley também falou sobre pregar em um lugar onde os “sinais visíveis” não eram tão nítidos como haviam sido em épocas anteriores, e ele estava bem com isso; Wesley reconhecia que era uma estação diferente para as pessoas naquele local. Em uma visita anterior de Wesley, as pessoas haviam sido tremendamente confrontadas por seus pecados (com a manifestação de sinais dramáticos e visíveis). Algum tempo depois, Wesley declarou: “Deus estava notavelmente presente entre nós, mas para confortar do que convencer” e “Muitos foram refrescados por um turbilhão de paz”.
Wesley não acreditava que as mesmas manifestações deviam acontecer o tempo todo, e ele percebia que sempre havia a possibilidade de imitações carnais acontecerem. Ele afirma que, em alguns casos, “Satanás imita a obra de Deus para desacreditar toda a obra”, mas que Deus “nos permitirá discernir até que ponto, em todos os casos, a obra é pura e onde ela se mistura ou se degenera”.
Quando a porta se fecha, inove!
Wesley enfrentou mais oposições e desafios que muitos ministros atuais podem imaginar. Relativamente cedo em seu ministério, Wesley começou a ter que lidar com portas fechadas. Muitas igrejas se recusaram a permitir que Wesley subisse em seus púlpitos, incluindo igrejas em que seu pai já havia pastoreado em Epworth. Ao invés de dar lugar ao desencorajamento, Wesley simplesmente inovou. Quando igrejas não o queriam, Wesley começou a pregar em campos e à beira de estradas. Essa adaptação não foi fácil para Wesley, mas precisou da insistência de seu amigo e evangelista, George Whitefield, para que ele iniciasse tal abordagem.
No momento em que ele começou a pregar fora das igrejas, a sabedoria para tal abordagem foi rapidamente vista no fruto que produziu. Wesley pregou para grandes multidões fora das igrejas – milhares de pessoas de uma única vez na maioria dos casos – mais do que qualquer igreja poderia acomodar. Ele também alcançou pessoas que não iam às igrejas. Em Epworth, ele pregou, inclusive, em cima da lápide de seu pai no pátio da igreja. Em 12 de julho de 1742, ele escreveu a respeito de seu ministério em Epworth. Ele reportou:
“Eu preguei sobre a justificação pela lei e sobre a justificação pela fé. Enquanto eu estava falando, diversas pessoas caíram no chão como se estivessem mortas e, dentre o restante, ouvia-se um choro crescente clamando pela justificação pela fé, quase sufocando minha voz. Entretanto, muitos deles rapidamente levantaram suas cabeças com alegria e em agradecimento a Deus, certas de que agora possuíam o que suas almas desejavam – o perdão de seus pecados”.
Não fique desencorajado se não ver os frutos imediatamente
Enquanto Wesley foi ungido para ministrar durante um período de grande colheita, ele sabia que esse nem sempre era o caso. O próprio Wesley havia experimentado situações anteriores em que havia visto pouco fruto, mas ele reconhecia o valor da persistência em plantar a semente da Palavra de Deus. Ele escreveu:
“Ah, não deixe ninguém pensar que seu trabalho de amor está perdido pelo fato do fruto não ter aparecido imediatamente! Por aproximadamente quarenta anos, meu pai trabalhou aqui [Epworth], mas viu pouco fruto de seu trabalho. Eu também sofri com essas pessoas, e minhas forças também pareciam estar sendo gastas em vão; no entanto, agora, o fruto apareceu. Há muitas pessoas nessa cidade pelas quais nem eu nem meu pai sofremos anteriormente, mas a semente, lançada diversos anos antes, agora brotou, trazendo arrependimento e remissão de pecados”.
A organização também é vital
Muitas pessoas não percebem que George Whitefield, contemporâneo de Wesley, foi considerado um melhor pregador do que Wesley. Whitefield não somente era melhor em oratória, mas também frequentemente trazia maiores multidões e, aparentemente, gerava maiores impactos em seus ouvintes. No entanto, Wesley era um planejador muito mais organizado do que Whitefield. Wesley era diligente em começar “sociedades” e “classes” para promover discipulados e supervisão espiritual dentre seus convertidos. Sobre isso, Whitefield disse, “Meu irmão Wesley agia sabiamente. As almas que foram despertadas debaixo de seu ministério foram colocadas em classes [grupos de discipulado] e, portanto, preservados os frutos de seu trabalho. Nisso, eu negligenciei, e meu povo é como uma corda de areia”.
Um aviso profético
Wesley foi um dedicado aluno de História da Igreja. Ele era bem ciente sobre como diferentes movimentos iniciaram de forma avivada, mas, eventualmente, se degeneraram em formalidades sem vida e rituais sem significância. Seu entendimento a respeito de tais problemas o levou a escrever:
“Não tenho medo de que o movimento metodista cesse de existir tanto na Europa como na América. No entanto, receio que ele continue a existir somente como uma seita morta, tendo a forma de religião sem poder. E isso, sem dúvidas, será o caso, a não ser que eles agarrem a doutrina, o espírito e a disciplina que inicialmente demonstraram”.
A preocupação profética de Wesley não foi somente válida com relação a seus próprios seguidores, mas é uma admoestação vital para todo movimento que nasce no poder do Espírito de Deus. Até mesmo Jesus mencionou a respeito do potencial da poderosa igreja de Efésios do primeiro século de perder o seu castiçal (Apocalipse 2:5). Uma igreja, uma vez ardente com o poder do Espírito de Deus, pode perder a sua influência e vitalidade espiritual. E isso tem acontecido com certa frequência ao longo da História da Igreja.
A chave para manter uma forte presença do Espírito de Deus
O conhecimento de Wesley sobre a natureza humana e sobre avivamento o levou a declarar: “Portanto, eu não vejo como é possível, na natureza das coisas, para algum avivamento da verdadeira religião durar por muito tempo”. Ele argumentou que, quando Deus trabalha profundamente no coração das pessoas, elas ficam mais diligentes e prudentes, inevitavelmente levando à prosperidade. Ele também observou que, quando pessoas se tornam mais prósperas, elas tendem a se tornar menos dependentes de Deus e se voltam mais para a autossuficiência e carnalidade.
Não é que Wesley não tivesse esperança, mas ele via apenas um caminho para as pessoas prevenirem esse tipo de declínio e experimentarem perpétua vitalidade espiritual. Apesar de ver atitudes erradas com relação ao dinheiro como uma pedra de tropeço significativa, ele não defendia a pobreza como um meio para se obter uma vitalidade espiritual duradoura. Ao invés disso, ele escreve:
“Devemos exortar todos os cristãos a ganharem tudo que podem e a pouparem tudo que conseguirem; isso significa se tornar rico! Qual caminho, então (Eu pergunto novamente), podemos tomar para nosso dinheiro não nos afundar em direção ao inferno? Há um caminho e nenhum mais. Se aqueles que ‘ganham tudo que podem’ e ‘poupam tudo que conseguem’, de igual modo, ‘derem tudo que podem’, então, quanto mais receberem, mais crescerão em graça e mais riquezas ajuntarão nos céus”.
Portanto, para Wesley, abundante e transbordante generosidade era o único caminho para uma pessoa que experimenta os efeitos visíveis de uma graça interior genuinamente permanecer no caminho com Deus.
Notável estamina e longevidade
Wesley foi ativo em fazer viagens e pregações até bem tarde em sua vida. Ele fez as seguintes anotações em seu diário:
- Aos 69 anos – “Minha voz e força são as mesmas das nove e vinte. Nisso Deus também tem operado”
- Aos 73 anos – “Sou muito mais capaz de pregar do que às três e vinte”.
- Aos 78 anos – “Sou o mesmo de quando entrei nos meus 28 anos. Deus tem operado nisso, principalmente no meu exercício constante, acordar cedo e pregar no amanhecer e entardecer”.
- Aos 82 anos – “Me vejo tão forte e em forma para qualquer exercício físico e mental do que há 40 anos atrás. Não atribuo isso a nenhuma causa secundária, mas somente ao Deus soberano”.
- Aos 85 anos – Wesley reconhece que sua voz não é mais tão forte do que havia sido no passado e expressa certo receio de que nem todos dentre uma multidão de 25000 pessoas consigam ouvir seu sermão claramente (lembre-se de que ele pregava sem o auxílio de nenhum sistema de som). Ele também reconhece a existência de alguns desafios com relação à sua visão e escreve, “Eu não consigo pregar facilmente mais do que dois cultos por dia”. Entretanto, mesmo aos 85 anos, Wesley declara, “Eu tenho recebido mais convites para pregar em igrejas do que posso aceitar”.
Com certeza, a idade chegou para Wesley, mas que testemunho maravilhoso da graça de Deus e poder em sua vida![/vc_column_text][image_separator][vc_column_text][1] Tradução livre.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]