Está Consumado (E Não “Estou Consumado”)
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Está Consumado (E Não “Estou Consumado”)
Tony Cooke
“Está consumado”. O Senhor Jesus proferiu essas palavras radicais, palavras que alteraram a eternidade em Seu momento final na cruz (João 19:30). Seu precioso sangue foi derramado. O preço pela redenção do homem foi pago. A missão de Jesus estava cumprida. O significado e o impacto dessas preciosas palavras (“Está consumado”) são poderosamente resumidos nesses versos do livro de Hebreus:
Hebreus 7:27 (NTLH)
Ele não é como os outros Grandes Sacerdotes; não precisa oferecer sacrifícios todos os dias, primeiro pelos seus próprios pecados e depois pelos pecados do povo. Ele ofereceu um sacrifício, uma vez por todas, quando se ofereceu a si mesmo.
Hebreus 9:12, 28 (NTLH)
Quando Cristo veio e entrou, uma vez por todas, no Lugar Santíssimo, ele não levou consigo sangue de bodes ou de bezerros para oferecer como sacrifício. Pelo contrário, ele ofereceu o seu próprio sangue e conseguiu para nós a salvação eterna. Assim também Cristo foi oferecido uma só vez em sacrifício, para tirar os pecados de muitas pessoas. Depois ele aparecerá pela segunda vez, não para tirar pecados, mas para salvar as pessoas que estão esperando por ele.
Hebreus 10:10 (NTLH)
E, porque Jesus Cristo fez o que Deus quis, nós somos purificados do pecado pela oferta que ele fez, uma vez por todas, do seu próprio corpo.
Sobre Tetelestai, o termo grego para “Está consumado”, Warren Wiersbe escreve:
Tal termo era comumente utilizado por comerciantes, para significar que “o preço estava totalmente pago!” Pastores de ovelhas e sacerdotes o utilizavam quando encontravam o cordeiro perfeito, pronto para sacrifício; e Cristo morreu como o Cordeiro perfeito de Deus. Servos, quando o trabalho estava pronto, usavam tal termo para prestar contas aos seus senhores. Cristo, o Servo obediente, havia finalizado o trabalho que o Pai deu a Ele para realizar. Cristo, voluntariamente e deliberadamente, renunciou Sua vida; Ele deu Sua vida por Seus amigos. [1]
A morte de Jesus na cruz foi tão eficaz e tão final que ninguém precisaria adicionar nada ao que Ele havia feito. Jesus não precisaria voltar e morrer novamente pelos pecados da humanidade ou de ninguém mais. Nenhum homem precisaria complementar a obra de Jesus com suas próprias atividades religiosas ou esforços para ser visto como justo perante Deus. O que Jesus fez foi suficiente; foi suficiente e absolutamente eficaz. Ele completou Sua missão de morrer pela humanidade perdida.
Por causa de Sua obra consumada, qualquer um depositando sua fé nEle se torna participante dos benefícios de Sua morte sacrificial e substitutiva. Paulo descreve Seu perdão ao escrever aos crentes sobre o perdão que eles receberam quando depositaram sua fé em Jesus. Ele afirma que Jesus “anulou a conta da nossa dívida, com os seus regulamentos que nós éramos obrigados a obedecer. Ele acabou com essa conta, pregando-a na cruz” (Colossenses 2:14, NTLH).
Jesus não disse “Estou consumado”
Enquanto a morte de Jesus pagou pela penalidade do pecado e cumpriu o que o Velho Testamento exigia, Jesus propriamente não estava consumado. Havia mais para Ele fazer, e em certo sentido, podemos dizer que Ele estava somente começando. Após Ele afirmar, “Está consumado”, Ele ressuscitou, ascendeu aos céus, se sentou à destra de Deus e reina até hoje. Ele virá novamente, não como o Salvador que sofreu, mas como o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. Note como Marcos descreve o trabalho contínuo de Jesus após Sua ascensão:
Marcos 16:19-20 (King James Atualizada)
Concluindo, depois de lhes ter orientado, o Senhor Jesus foi elevado aos céus e assentou-se à direta de Deus. Então, os discípulos saíram e pregaram por toda parte; e o Senhor cooperava com eles, confirmando-lhes a Palavra com os sinais que a acompanhavam.
Claramente, quando Jesus se sentou, Ele não se aposentou ou foi dormir em uma cadeira de balanço. Ao contrário, Ele continua ativamente e vibrantemente direcionando os negócios da Igreja. Em um dos meus livros, eu descrevo e detalho cinco obras específicas que Jesus continua até hoje:
- Jesus continua trabalhando como Nosso Advogado, Intercessor e Sumo Sacerdote;
- Jesus continua sendo Nosso Médico;
- Jesus continua sendo o Cabeça da Igreja;
- Jesus continua trabalhando como Nosso Sustento e Aperfeiçoador (o Autor e o Consumador…);
- Jesus continua atuando como Nosso Pastor.
Quando Jesus declarou “Está consumado”, está abundantemente claro que Ele não estava se referindo a Ele estar consumado. Ao mesmo tempo em que Ele nos redimiu dos pecados ao ser preso na cruz do Calvário, Ele ainda possuía muito para realizar e continua tendo muito a realizar. Paulo nos afirmar que “Cristo tem de reinar até que Deus faça com que ele domine todos os inimigos” (1 Coríntios 15:25, NTLH).
Jesus não disse “Você está consumado”
Há muitas coisas maravilhosas que podem e devem ser ditas a respeito da obra consumada de Cristo. Saber o que Ele conquistou para nós na cruz nos auxilia a perceber que estamos totalmente perdoados, completamente redimidos e totalmente justificados. Nós não devemos tentar conquistar (por nossas obras) nenhum dos benefícios da redenção que foram gratuitamente comprados por Jesus; tudo isso é recebido por meio da fé. Quando nos referimos ao nosso posicionamento perante a Deus, é completamente apropriado “descansar na obra consumada de Cristo”. Devemos confiar inteiramente naquilo que Ele fez por nós.
No entanto, é importante percebermos que a vida cristã é bem mais do que simplesmente receber os benefícios da redenção. Nós também somos chamamos a crescer na graça de Deus (2 Pedro 3:18). O fato de termos recebido perdão e uma vida nova não nega a nossa necessidade de crescer continuamente em maturidade. Assim como há a obra consumada de Cristo que traz justificação para nossas vidas, há também uma obra contínua da Palavra e do Espírito que nos habilita a nos desenvolver e progredir espiritualmente.
Pedro descreve esse desenvolvimento e maturidade contínuos em sua segunda epístola. Ele havia acabado de dizer aos crentes que o poder divino de Deus “nos concedeu tudo de que necessitamos para a vida e para a piedade” (2 Pedro 1:3, King James Atualizada), mas prossegue em dizer:
2 Pedro 1:5-7 (King James Atualizada)
Por isso mesmo, aplicando todo o vosso esforço, acrescentai a virtude à vossa fé e o conhecimento à virtude, e o domínio próprio ao conhecimento, e a perseverança ao domínio próprio, e a piedade à perseverança, e a fraternidade à piedade, e o amor à fraternidade.
O fato de estarmos aperfeiçoados em Cristo (Colossenses 2:10) não necessariamente significa que somos maduros em Cristo. Tendo nascido, naturalmente falando, não significa que estamos completamente crescidos. O crescimento espiritual faz parte da vida cristã.
Essa necessidade de um constante crescimento espiritual também é o motivo pelo qual Paulo escreve: “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Filipenses 1:6, ARA). O fato de Cristo ter consumado sua obra de redenção na cruz não entra em conflito com o trabalho contínuo do Espírito Santo em nossas vidas, trazendo maturidade.
Paulo não somente reconhece o desenvolvimento espiritual contínuo nas vidas dos filipenses, mas indica que esse progresso espiritual também estava acontecendo em sua própria vida.
Filipenses 3:12-14 (NTLH)
Não estou querendo dizer que já consegui tudo o que quero ou que já fiquei perfeito, mas continuo a correr para conquistar o prêmio, pois para isso já fui conquistado por Cristo Jesus. É claro, irmãos, que eu não penso que já consegui isso. Porém uma coisa eu faço: esqueço aquilo que fica para trás e avanço para o que está na minha frente. Corro direto para a linha de chegada a fim de conseguir o prêmio da vitória. Esse prêmio é a nova vida para a qual Deus me chamou por meio de Cristo Jesus.
A atitude de Paulo foi a mesma enquanto respirava, ele não estava consumado!
Parte de ser um cristão maduro (ou em amadurecimento) envolve obediência ao chamado de Deus e em fazer o que Deus o chamou para fazer. Isso não tem nada a ver com “conquistar” perdão ou nossa entrada no céu. A obra que fazemos ao servir a Deus (por meio da habilidade vinda do Espírito Santo) não está relacionada com conquistar coisas de Deus; ao contrário, é expressar algo de Deus. O ministério e o trabalho cristão são expressões do amor e da natureza de Deus em direção a outros.
A obra consumada de Cristo tem uma enorme ramificação para nós; significa que podemos saber que somos amados, perdoados, aceitos e justificados pelo que Jesus fez por nós. Isso não significa que nos falta interesse no crescimento espiritual, que estamos negligenciando a obediência a Deus ou que falhamos em servir ou ajudar outros. Paulo provavelmente entendia a obra redentora de Jesus e seus benefícios melhor do que qualquer outra pessoa e, enquanto ele pessoalmente descansava na obra consumada de Cristo com relação à sua salvação, ele também servia extensivamente e amplamente para o Senhor, com relação ao seu ministério e chamado.
Como Paulo passou sua vida como crente? Ele combateu o bom combate. Ele finalizou sua carreira. Ele guardou a sua fé (2 Timóteo 4:7, King James Atualizada). Longe de meramente viver uma vida dependente do amor de Deus, Paulo escreve: “E para cumprir esse propósito, eu me esforço arduamente, lutando conforme o seu poder que opera eficazmente em mim” (Colossenses 1:29, King James Atualizada). Ele também afirma: “pela graça de Deus, sou o que sou. E a sua graça para comigo não foi inútil; antes, trabalhei mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus que vive em mim” (1 Coríntios 15:10, King James Atualizada). O trabalho consumado de Cristo para a redenção e a graça de Deus não impediram Paulo de ser um ativo e vibrante servo de Deus; na verdade, ele foi energizado e capacitado pela graça de Deus.
Eu me inspiro tremendamente na leitura sobre homens e mulheres que tinham grande senso de urgência quanto à obra de Deus ainda a ser finalizada. Por exemplo, William Booth disse:
Enquanto mulheres derramam suas lágrimas, eu lutarei. Enquanto criancinhas morrem de fome, eu lutarei. Enquanto homens vão e voltam da prisão, vão e voltam, eu lutarei. Enquanto ainda existir um bêbado, uma garota perdida nas ruas, enquanto ainda existir uma alma perdida sem a luz de Deus, eu lutarei. Eu lutarei. Eu lutarei até o fim.
As palavras de Booth nos relembram que estamos longes de terminar!
Que Deus nos conceda multidões de trabalhadores que compartilhem da mesma visão com relação às pessoas que Deus ama e ao trabalho que Deus tem para a Sua Igreja finalizar. Sem dúvidas, o trabalho de Cristo em conquistar a redenção para o mundo (por meio da cruz) está consumado. Está finalizado. Entretanto, o trabalho de Cristo em distribuir a redenção para o mundo (por meio de Igreja capacitada pelo Espírito Santo) continua até hoje e deve ser considerado com grande senso de urgência.
Pessoalmente, devemos descansar no trabalho redentor de Cristo, mas isso não significa que nos tornamos crentes passivos. Somos parceiros do Espírito Santo e devemos nos engajar de todo coração no trabalho contínuo de Cristo. Jesus disse, “Está consumado”. Ele não disse que Ele estava consumado e, certamente, Ele não disse que estávamos consumados.[/vc_column_text][image_separator][vc_column_text][1] Wiersbe, Warren W. Wiersbe’s Expository Outlines on the New Testament. Wheaton, IL: Victor Books, 1992.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]