Tirando o “Dis” do Funcional
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Tirando o “Dis” do Funcional
Tony Cooke
Disfuncional tem se tornado uma palavra bem popular em nossa sociedade. Alguns ouvem tal termo e pensam em uma anomalia médica—algum órgão ou parte do corpo não funcionando corretamente. Outros pensam em um contexto familiar pouco saudável em que a confiança e a paz foram gravemente corroídas. Além dessas situações, outras pessoas ouvem a palavra disfuncional e pensam em um contexto governamental ou de negócios em que a comunicação é fraca e a incompetência reina de forma abundante.
Para o propósito desse artigo, simplesmente usarei funcional para descrever situações que ocorrem como deveriam ocorrer, e disfuncional para descrever algo que não acontece da forma prevista. Deus é um Deus que funciona. Em meu livro, Seu Lugar no Time dos Sonhos de Deus, eu compartilho que o Pai planeja, o Filho executa, e o Espírito aperfeiçoa. A Trindade funciona de forma perfeita, pois há um trabalho em equipe, um só propósito e uma unidade perfeita.
Tendo sido criados à imagem de Deus, também fomos criados para funcionar. Deus funciona no contexto do trabalho em equipe (a Trindade), e nós também devemos funcionar da mesma maneira. Em Romanos 12:4 (KJA), está escrito, “Pois, assim como em um corpo, temos muitos membros, e todos os membros não têm a mesma função”. Note que Paulo escreve que nem todos possuem a mesma função. Isso implica dizer que cada cristão possui uma função, mas não a mesma função que outros. Da mesma forma, Romanos 12:5, na versão A Mensagem, expressa que, “Cada um de nós encontra significado e função como parte desse corpo”.
Até que ponto e em que medida Jesus nos vê funcionando? O versículo a seguir revela o quão alto são Seus parâmetros:
JOÃO 14:12
Digo-lhes a verdade: Aquele que crê em mim fará também as obras que tenho realizado. Fará coisas ainda maiores do que estas, porque eu estou indo para o Pai.
Alguns podem achar difícil de acreditar, mas Jesus levava completamente a sério Suas intenções para que a Igreja funcionasse como Ele havia designado. Aliás, defendo que, ao mesmo tempo em que sempre temos espaço para melhorar e expandir, a Igreja vem realizando Suas obras e até obras maiores, desde quando Jesus foi para o Pai. Não posso dizer que temos feito mais em termos da qualidade de tais obras; não sei como poderíamos fazer isso. Entretanto, eu acredito que:
- O Corpo de Cristo tem realizado obras maiores que Jesus em termos geográficos.
Tudo que Jesus fez enquanto estava na Terra estava limitado ao território de Israel. A partir do primeiro século, Seus seguidores têm levado o Evangelho aos confins da Terra.
- O Corpo de Cristo tem realizado obras maiores que Jesus em termos numéricos.
Jesus era Um Homem, e Deus trabalhou de forma poderosa através dEle (Atos 10:38). Quando Ele ascendeu, e partir do momento que ascendeu, milhares de cristãos têm sido ungidos pelo mesmo Espírito Santo para falar sobre a Palavra de Deus e para ministrar Seu amor e Seu poder em suas próprias esferas de influência.
- O Corpo de Cristo tem realizado obras maiores que Jesus espiritualmente.
Pode ser difícil de acreditar, mas tenha em mente que até a ascensão de Cristo (que é a chave para nós fazermos obras maiores) ninguém era nascido de novo ou cheio do Espírito (no sentido do que aconteceu no dia de Pentecostes). Toda vez que alguém nasce de novo ou se torna cheio do Espírito, o Corpo de Cristo passa a fazer algo que Jesus não havia feito enquanto Ele esteve na Terra (apesar do fato dEle ter possibilitado que fizéssemos tais coisas após Sua ascensão).
- Em escopo, o Corpo de Cristo tem realizado obras maiores que Jesus.
Por exemplo, Jesus ministrou a crianças, mas Ele nunca construiu um orfanato nem nunca executou um programa infantil com um currículo minucioso, como diversas igrejas têm feito. Jesus ensinou a Palavra, mas Ele não escrevia livros ou possuía um programa na rádio ou em algum canal de televisão. Ele nunca disponibilizou material para diversas nações via internet. Jesus alimentou alguns milhares de pessoas em certas ocasiões, mas o Corpo de Cristo alimenta milhões de pessoas ao redor do mundo todos os anos.
Qualquer coisa que a Igreja tenha conquistado, foi conquistado pela graça de Deus. Quando eu digo que a Igreja tem feito e está fazendo obras maiores que Jesus, não estou simplesmente sugerindo que a Igreja é superior a Jesus; ao contrário, Jesus nos comissionou a fazer obras maiores que Ele e nos deu o Espírito Santo para nos capacitar nessa tarefa.
Além disso, quando eu digo que a Igreja tem feito obras maiores que Jesus, não estou sugerindo que nós, como cristãos, estamos fazendo tudo que poderíamos ou deveríamos fazer. Certamente, mais pode ser feito, e podemos sempre fazer de forma mais eficiente. Enquanto o aumento da visão e da obediência podem aumentar nossa produtividade, uma outra forma de sermos funcionais é pela identificação e erradicação de nossas disfunções, ou seja, aqueles elementos que estão minando e subvertendo nossa eficiência.
Considere o exemplo de Naamã, o comandante sírio: “E Naamã, capitão do exército do rei da Síria, era um grande homem diante do seu Senhor, e de muito respeito; porque por ele o Senhor dera livramento aos sírios; e era este homem herói valoroso, porém leproso ” (2 Reis 5:1).
Note as boas qualidades – ele era um comandante; era honrado e responsável pelas vitórias, ou seja, ele era um homem de valor. Tais qualidades são todas excelentes. No entanto, depois de ler tudo isso, lemos, ao final, as seguintes palavras: “Mas ele era leproso”. Isso estraga tudo.
Sei que estou espiritualizando as coisas aqui, mas quantas vezes esse tipo de coisa tem se repetido nas vidas de pessoas com grande potencial espiritual:
- Mike era um líder carismático e um pregador popular, mas ele possuía um temperamento ruim (ou, mas ele vivia de maneira imoral, ou mas ele era narcisista).
- John era um assistente de pastor dedicado e realmente trabalhador, mas ele não se comunicava bem com pessoas.
- Mary era uma vocalista talentosa e uma poderosa líder de louvor, mas ela se sentia ameaçada por outros.
- Tim era um dinâmico líder de jovens que amava as crianças, mas ele era desorganizado e não se comunicava bem com outros membros da equipe.
Quando casos assim acontecem, o que Deus intencionou pode rapidamente se deteriorar. Dis é um simples prefixo que significa: anormal, problemático, doente, doloroso, desfavorável, difícil, ruim, debilitado e nocivo. Vejamos dois tipos específicos de disfunções.
Disfunção Intrapessoal
Por intrapessoal, estou me referindo a coisas dentro de um indivíduo. O apóstolo Paulo expressou a preocupação de que ele poderia alterar sua eficiência (se tornando desqualificado) se não mantivesse propósito, disciplina e controle (1 Coríntios 9:24-27). Uma pessoa pode se destacar em certas áreas de sua vida, mas um pequeno problema em seu comportamento pode criar limitações ou, na pior das hipóteses, causar um naufrágio em seu ministério.
É importante se perguntar e verificar se há algum problema em sua vida que o está impedindo de funcionar corretamente. Paulo escreveu, “Testem-se para saber se estão firmes na fé. Não se enganem, pensando que tudo está garantido. Criem o hábito do autoexame… Façam o teste. Se o resultado não for bom, tomem alguma providência” (2 Coríntios 13:5, A Mensagem). Algumas perguntas podem ser feitas a si mesmo:
- Como está minha atitude?
- Minha diligência?
- Minha confiabilidade?
- Sou pontual?
- Mantenho minha palavra?
- Termino o que começo?
- Eu me ofendo com facilidade?
Estes são apenas alguns pontos que eu preciso verificar quando estou procurando, em minha vida, questões que podem diminuir meu nível pessoal de funcionalidade. D. L. Moody disse, “tenho mais problemas com D. L. Moody que qualquer outro homem que eu conheci”. É importante relembrar que, antes de poder administrar um ministério, eu tenho que ser capaz de me auto administrar (com o auxílio do Espírito Santo, claro).
Disfunção Interpessoal
Além de acontecer internamente e individualmente, a disfunção pode também acontecer de forma relacional. Quantas vezes times funcionam em uma capacidade bem inferior a seus potenciais por causa de problemas de comunicação, de confiança e por causa da falta de objetivos compartilhados? Uma das maiores satisfações em minhas viagens é ver grandes times estabelecendo um bom compasso em seus trabalhos para Deus. Eles subjugaram suas agendas pessoais e individualistas e procuram o bem de toda congregação. Eles se esforçam para se destacar em áreas individuais, mas celebram as vitórias de outros departamentos também. Eles se comunicam bem e aprenderam a resolver qualquer tipo de conflito com honestidade e respeito.
Bons times progrediram na implementação do que Paulo ensinou em Efésios 4:2-3 (NTLH): “Sejam sempre humildes, bem-educados e pacientes, suportando uns aos outros com amor. Façam tudo para conservar, por meio da paz que une vocês, a união que o Espírito dá”. A versão “A Mensagem” traz, no verso 3, “dedicando-se uns aos outros com amor, considerando as diferenças entre vocês, sempre resolvendo logo tudo e qualquer desentendimento”. Em casos extremos, quando uma pessoa é incapaz ou não está disposta a se adaptar ao ambiente, outros princípios entram em jogo. Provérbios 22:10 (A Mensagem) nos instrui, “Mande embora quem gosta de confusão e as coisas se acalmarão; isso vai pôr um fim nas brigas e insultos”.
Deus quer que funcionemos de forma eficaz! Há muito a ser feito em termos de evangelismo e da edificação da Igreja. Que Deus nos ajude a erradicar tanto a disfunção pessoal quanto a interpessoal, para que possamos servir ao Mestre de uma forma que Lhe seja digna.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]